quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Hinduísmo, Islamismo e Cristianismo: Perspectivas em análise


O Hinduísmo surge como uma religião que engloba um conjunto de tradições culturais, sociais e religiosas. O ser supremo desta religião é o Brahma (ver figura). O conceito Hindu de divindade é simultaneamente panteísta e politeísta. O carácter politeísta desta religião é facilmente reconhecido através da adoração a diversos deuses:

- Brahma, o criador; Shiva, o destruidor; Vishnu, o preservador e Kali, a deusa-mãe.

Os Hindus encaram ainda o mundo como um estado transitório e de importância reduzida. A ideia de reencarnação está bem patente na sua doutrina.Na perspectiva Hindu, o mal não é considerado um atentado contra Deus. A salvação pode ser obtida através de três formas distintas:

  • Através do conhecimento.

  • Através da devoção.

  • Através das obras.

Relativamente ao Islamismo ou religião muçulmana, esta apresenta as seguintes caracteristicas:

  • Religião monoteísta.

  • Crença em Allah.

  • Crença nos anjos, profetas e livros sagrados.

  • Crença no dia do Julgamento Final.

  • Crença na predestinação.

Apresentam-se ainda os cinco pilares elementares do islamismo:

  • A recitação e aceitação do credo.
  • Oração.
  • Pagar esmola.
  • Observar o jejum.
  • Fazer a perigrinação a Meca.


O cristianismo surge actualmente como a religião com maior número de adeptos. Em traços gerais, esta religião caracteriza-se por a crença no monoteísmo e da importância na figura de Jesus de Nazaré.

Apresenta a fé como factor determinante para atingir a vida eterna e salvação.

Crença na vida depois da morte.

A igreja é visualizada como como um local de culto previligiado.

Formas de culto diversificadas: (Oração; eucaristia; leitura da biblia).


Biliografia:

DELUMEAU, Jean (dir.), As Grandes Religiões do Mundo, 3.ª ed., Lisboa, Editorial Presença, 2002.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Por uma análise sociológica: O Simbolismo Religioso


Independentemente do tipo de comunicação, os símbolos têm outras modalidades de influência sobre a vida social, principalmente porque servem para concretizar, tornar visuais e palpáveis realidades abstractas, mentais ou morais, da sociedade.
O simbolismo religioso tem como fim ligar o homem a uma ordem supranatural ou sobrenatural. Mas pode sustentar-se que o simbolismo religioso não deixa de ser profundamente social. O simbolismo religioso alimenta-se do contexto social, que exprime realidades sociais, que tem alcance e consequências sociais. Assim, serve para distinguir os fiéis dos não-fiéis, o clero dos fiéis, os lugares sagrados dos lugares profanos, os objectos puros dos impuros, etc. Configura desse modo a própria textura da sociedade, para construir hierarquias. Seja pelo vestuário, por ritos, sacramentos, sinais invisíveis, a religião é rica em símbolos que dividem para melhor reunir (Rocher, 1989).
A própria vida religiosa é quase, universalmente, uma prática social, em que a solidariedade mística tem um papel central, detendo grande diversidade de símbolos para se exteriorizar e desenvolver. Por exemplo, a constituição de comunidades humanas geograficamente identificáveis que são ao mesmo tempo comunidades espirituais; as cerimónias que apelam à participação dos assistentes, como as oferendas, comunhões físicas; outras cerimónias como os ritos de iniciação, as cerimónias do casamento, os ritos fúnebres, etc.
Se a religião é dotada de símbolos diversos, é porque faz referência a um universo invisível, inacessível directamente, devendo portanto seguir a vida simbólica para manterem o homem em contacto com esse universo. Ora, a sociedade apresenta as mesmas características: transcende cada pessoa, requer a solidariedade de comunidades vastas, complexas ou mesmo dificilmente perceptíveis, obriga a relação entre grupos, colectividades e massas, etc. A sociedade e a sua complexa organização, não poderiam existir e perpetuar-se, tal como a religião, sem o contributo multiforme do simbolismo, tanto pela participação ou identificação que ele favorece como pela comunicação de que é instrumento (Rocher, 1989).
Pode-se dizer, então, que os símbolos servem para ligar os actores sociais entre si, por intermédio dos diversos meios de comunicação que põem ao seu serviço; servem igualmente para ligar os modelos aos valores, de que são a expressão mais concreta e mais directamente observável; por último, os símbolos recriam incessantemente a participação e a identificação das pessoas e dos grupos às colectividades e estabelecem constantemente as solidariedades necessárias à vida social. Por intermédio dos símbolos, o universo ideal de valores passa para a realidade, torna-se, simultaneamente, visibilidade e crença social.

ROCHER, Guy, Sociologia Geral – A acção social, Editorial Presença, 5ª Edição, Lisboa, 1989.

Weber e a Religião

Weber concentrou a sua atenção nas religiões ditas mundiais, aquelas que atraíram um grande número de crentes e que afectaram, em grande medida, o curso global da história. Teve em atenção a relação entre a religião e as mudanças sociais, acreditava que os movimentos inspirados na religião podiam produzir grandes transformações sociais, dando o exemplo do Protestantismo.
Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das sociedades humanas, pois o homem, como tal, sempre esteve à procura de sentido e de significado para a sua existência; não simplesmente de ajustamento emocional, mas de segurança cognitiva ao enfrentar problemas de sofrimento e morte (Ó Dea, 1969). Procura-se na religião signos de transcendência e de esperança. Assim, Weber estava preocupado em destacar a integração racional dos sistemas religiosos mundiais e não apenas o calvinista (objecto especial dos seus estudos), como resposta aos problemas básicos da condição humana: “contingência, impotência e escassez”.
Weber mostra que as religiões, ao criar respostas a tais problemas – respostas que se tornam parte da cultura estabelecida e das estruturas institucionais de uma sociedade –, influem de maneira mais íntima nas atitudes práticas dos homens com relação às várias actividades da vida diária (Ó Dea, 1969). Com isto, Weber considerava que, ao problema humano do sentido e significação existencial, a religião, de maneira eficaz, oferecia uma resposta final. Por conseguinte, como já afirmamos, ela torna-se, pela forma institucional que assume, um factor causal na determinação da acção. No caso específico do protestantismo, a sua força é vista como indispensável (mas não a única) para o surgimento do fenómeno da modernidade ocidental, com seus valores inerentes de individualismo, liberdade, democracia, progresso, entre outros.
Portanto, segundo a teoria de Weber, religião é uma das fontes causadoras de mudanças sociais. Para ele, o processo de racionalização religiosa ou de “desencantamento do mundo” culminou no calvinismo do século XVII e em muitos outros movimentos, chamados por ele de “seitas”. Desse momento em diante, procurou-se assegurar a salvação (temporal e eterna) não por meio de ritos, ou por uma fuga mística do mundo ou por uma ascética transcendente, mas acreditando-se no mundo pelo trabalho, pela profissão, pela inserção.
Portanto, segundo Weber, o capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objectivo é produzir o maior lucro possível e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo de lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o traço singular do capitalismo ocidental. Weber quis demonstrar que a conduta dos homens nas diversas sociedades só pode ser compreendida dentro do quadro da concepção geral que esses homens têm da existência. Os dogmas religiosos e sua interpretação são partes integrantes dessa visão do mundo; é preciso entendê-los para compreender a conduta dos indivíduos e dos grupos, nomeadamente o seu comportamento económico. Por outro lado, Weber quis provar que as concepções religiosas são, efectivamente, um determinante da conduta económica e, em consequência, uma das causas das transformações económicas das sociedades (Aron, 1999). Dessa forma, o capitalismo estaria motivado e animado por uma visão de mundo específica de um tipo de protestantismo que na sua acção social favoreceu a formação do regime capitalista.


Bibliografia:

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Ó DEA, Thomas F. Sociologia da religião. São Paulo: Pioneira, 1969.

WEBER, Max. Sociologia das Religiões, Relógio D’Água Editores, Abril de 2006

A perspectiva de Durkheim

Durkheim é um autor que estudou a religião em sociedades pequenas, considerando a religião como uma “coisa social” (Ó Dea, 1969).
Para o autor, na questão religiosa há uma preocupação básica que é a diferença entre sagrado e profano. Durkheim é bem explícito ao afirmar que: “o sagrado e o profano foram sempre e por toda a parte concebidos pelo espírito humano como géneros separados, como dois mundos entre os quais nada há em comum (…) uma vez que a noção de sagrado é no pensamento dos homens, sempre e por toda a parte separada da noção do profano (…) mas o aspecto característico do fenómeno religioso é o facto de que ele pressupõe uma divisão e bipartida do universo conhecido e conhecível em dois géneros que compreendem tudo o que existe, mas que se excluem radicalmente. As coisas sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam; as coisas profanas, aquelas às quais esses interditos se aplicam e que devem permanecer à distancia das primeiras.” Ou seja, para Durkheim, há uma natural superioridade do sagrado em relação ao profano (Durkheim, 1990).
É possível constatar que a participação na ordem sagrada, como o caso dos rituais ou cerimónias, dão um prestígio social especial, ilustrando uma das funções sociais da religião, que pode ser definida como um sistema unificado de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas. Estas unificam o povo numa comunidade moral (igreja), um compartilhar colectivo de crenças, que por sua vez, é essencial ao desenvolvimento da religião. Dessa forma, o ritual pode ser considerado um mecanismo para reforçar a integração social. Durkheim conclui que a função substancial da religião é a criação, o reforço e manutenção da solidariedade social. Enquanto persistir a sociedade, persistirá a religião (Timasheff, 1971).

Bibliografia:

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 4ª Edição, Lisboa: Presença, 1991.

Ó DEA, Thomas F. Sociologia da religião. São Paulo: Pioneira, 1969.

TIMASHEFF, Nicholas S. Teoria Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

"Que Deus"




Há perguntas que têm que ser feitas
Quem quer que sejas, onde quer que estejas
Diz-me se, é este o mundo que desejas?
Homens rezam acreditam, morrem por ti
Dizem que tás em todo o lado, mas não sei se já te vi
Vejo tanta dor no mundo, pergunto-me se existes
Onde está a tua alegria, neste mundo de homens tristes?
Se ensinas o bem, porque é que somos maus por natureza?
Se tudo podes, porque é que não pões comida à minha mesa?
Perdoa-me as dúvidas, tenho que perguntar
Sou o teu filho e tu me amas, porque é que me fazes chorar?
Ninguém tem a verdade, o que sabemos são palpites
Sangue é derramado, em teu nome é porque o permites
Se me deste olhos, porque é que não vejo nada?
Se sou feito à tua imagem, porque é que eu durmo na calçada?
Será que pedir a paz entre os Homens, é pedir demais?
Porque é que sou discriminado, se somos todos iguais?
Porquê?


REFRÃO:
Porque é que os Homens se comportam como irracionais?
Porque é que guerras doenças matam cada vez mais?
Porque é que a paz não passa de ilusão?
Como pode o Homem amar com armas na mão?
Porquê?
Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas
E se eu escolher o meu caminho será que me aceitas?
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei
Eu acredito é na paz e no amor

Por favor, não deixes o mal entrar no meu coração
Dou por mim a chamar o teu nome, em horas de aflição
Mas, tens tantos nomes, és Rei de tantos tronos
Se o Homem nasce livre, porque é que alguns são donos?
Quem inventou o ódio? Quem foi que inventou a guerra?
Às vezes acho que o inferno, é um lugar aqui na Terra
Não deixes crianças, sofrer pelos adultos
Os pecados são os mesmos, o que muda são os cultos
Dizem que ensinaste o Homem a fazer o bem
Mas no livro que escreveste, cada um só lê o que lhe convém
Passo noites em branco, quase sem dormir a pensar
Tantas perguntas, tanta coisa por explicar
Interrogo-me, penso no destino que me deste
E tudo o que me acontece, é porque Tu assim quiseste
Porque é que me pões de luto e me levas quem eu amo?
Será que é essa a justiça pela qual eu tanto reclamo?
Será que só percebemos quando chegar a nossa altura?
Se calhar desse lado está a felicidade mais pura
Mas se nada fiz, nada tenho a temer
A morte não me assusta, o que assusta é a forma de morrer

REFRÃO:
Porque é que os Homens se comportam como irracionais?
Porque é que guerras doenças matam cada vez mais?
Porque é que a paz não passa de ilusão?
Como pode o Homem amar com armas na mão?
Porquê?
Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas
E se eu escolher o meu caminho será que me aceitas?
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei
Eu acredito é na paz e no amor

Quanto mais tento aprender, mais sei que nada sei
Quanto mais chamo o teu nome, menos entendo o que chamei
Por mais respostas que tenha, a dúvida é maior
Quero aprender com os meus defeitos, acordar um homem melhor
Respeito o meu próximo, para que ele me respeite a mim
Penso na origem de tudo, e penso como será o fim
A morte é o fim ou é um novo amanhecer?
Se é começar outra vez, então já posso morrer

MADREDEUS:
Ao largo, ainda arde
A barca, da fantasia
O meu sonho acaba tarde
Acordar é que eu não queria

Letra da música "Que Deus" de Boss AC

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Como podemos definir o conceito de Religião?

Ao longo de milhares de anos, a religião tem evidenciado um importante papel na vivência dos seres humanos.
Apesar da universalidade que caracteriza o fenómeno religioso, de uma forma ou outra, a religião marca presença em todas as sociedades humanas, influenciando a forma como vemos e reagimos ao meio que nos rodeia.
Não existe uma definição de religião genericamente aceite, a sua concepção varia naturalmente de sociedade para sociedade, cultura para cultura.
Não obstante a isto, poder-se-á enumerar algumas das principais características "comuns" ou "partilhadas" entre todas as religiões.
Tradicionalmente, as diferentes religiões evidenciam um sistema de crenças no sobrenatural, envolvendo maioritariamente Deuses ou divindades. Implicam igualmente um conjunto de simbolos; sentimentos e pràcticas religiosas. Paralelamente, a religião apresenta-se como um fenómeno social e não apenas individual. O referido atributo de fenómeno social atribuido à religião perpetua-se através das cerimónias habituais, que decorrem predominantemente em locais de culto indicados para tal: igrejas, templos ou santuários.
Resumidamente, apresentam-se os principais indicadores comuns às várias religiões, que contribuem para uma melhor compreensão do fenómeno religioso:
  • A tendência para a sacralização de determinados locais;
  • A forte interação com o divino;
  • A exposição de grandes narrativas que explicam, legitimam e fundamentam o começo do mundo e sua existência.

Bibliografia:

FILOMARO, Giovanni; PRANDI, Carlo, As Ciências das religiões, São Paulo: Paulus, 1999.

Ó DEA, Thomas F., Sociologia da Religião, São Paulo: Pioneiro, 1969